segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tim Lopes, a primeira vítima

O assassinato do jornalista Tim Lopes, numa favela do Rio de Janeiro, há 4 anos, deu origem a uma série de debates sobre as técnicas do jornalismo investigativo no País. Morto em 2002 enquanto fazia uma reportagem para a Rede Globo, no morro, sobre pornografia infantil nos bailes funk, o jornalista de 51 anos havia trabalhado em veículos como o jornal O Globo, O Dia e Jornal do Brasil.Estava na Globo desde 1996 e a sua carreira foi marcada pelas reportagens investigativas.Em 30 de agosto do mesmo ano do crime que chocou o País e toda a comunidade jornalística, o auditório do BNDES no Rio abrigou o primeiro seminário “Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos”, promovido pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas.O encontro motivou as reflexões sobre os riscos da profissão e representou o esforço dos organizadores para não deixar o caso de Tim Lopes cair no esquecimento. Para a presidente da Federação dos Jornalistas Beth Costa, foi a chance para uma reflexão coletiva e a busca de saídas para os desafios da profissão.“Que eu me lembre, esta é a primeira vez que a gente tem a oportunidade de sentar e discutir, profissionalmente, o que é ser jornalista investigativo”, disse Costa na época do encontro.Esta mobilização dos jornalistas, nos primeiros meses após o assassinato, também foi conseqüência dos relatos da organização Repórteres Sem Fronteiras que estimou que 526 jornalistas haviam morrido, em dez anos, no exercício da profissão. Só na América Latina, em 18 anos, 290 jornalistas foram assassinados. Entre os motivos das mortes, apareceram ditaduras, guerras, conflitos populares e as matérias de investigação.Para o professor Francisco Karam, da Universidade Federal de Santa Catarina, a profissão do jornalista implica sempre no prejuízo. “Profissionais são ameaçados e mortos porque, quando trabalham a favor de alguém, podem estar trabalhando contra outro. É da natureza ética do jornalismo prejudicar pessoas e prejudicar modelos de vida, regimes e sistemas”, afirma Karam.Foi em 2002, durante o seminário no Rio de Janeiro, que surgiu a idéia da criação da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). A associação visa discutir os rumos da profissão do jornalista diante da prática investigativa. O site da instituição trás notícias sobre outras associações e fatos que ameacem a vida dos profissionais da notícia no Brasil.Nos principais sites jornalísticos do País a discussão sobre a ética das câmeras escondidas é sempre movida por muita reflexão acerca dos parâmetros da atividade informativa e os limites que devem ser observados pelos profissionais.

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