segunda-feira, 20 de abril de 2009

Câmeras ocultas e a liberdade nos EUA

Repórteres disfarçados e câmeras ocultas foram alvo de processo à rede de TV americana ABC ao fazerem uma reportagem sobre os bastidores de uma loja da rede Food Lion, em 1992, na Carolina do Norte. Os repórteres empregaram-se na loja e gravaram conversas e decisões de funcionários que alteravam datas de validade de produtos vendidos na loja, como carne e enlatados, por exemplo.Os funcionários da empresa alegaram que o prejuízo da reportagem veiculada em novembro de 1992, foi de US$ 1,7 bilhão. O júri condenou os repórteres à pena no valor de US$ 5,5 milhões por fraude, mas a pena acabou por ser reduzida para US$ 315 mil.A prática que é habitualmente usada por repórteres brasileiros, foi condenada nos EUA pelo fato dos jornalistas forjarem uma falsa identidade e gravarem conversas e imagens com câmeras escondidas, de pessoas desavisadas. Além disso, a rede de supermercados não contestou as imagens nem a veracidade das notícias apuradas, mas a conduta fraudulenta dos repórteres da ABC.A Food Lion manifestou que os jornalistas se fizeram passar por funcionários da empresa, submetidos a obedecer ordens e pagos para isso. Dessa forma, seriam processados por deslealdade e por causar prejuízos à empresa na qual trabalhavam, mesmo que falsamente. Os direitos pelas imagens também foram reclamados. A empresa quer cobrar direitos autorais da ABC.O fato da loja ter vendido produtos com data de validade alterada, não parece ter representado grande perigo para a sociedade. A única preocupação da empresa afetada e do júri, parece ter sido no procedimento polêmico dos autores da reportagem. A falsidade ideológica dos jornalistas foi o verdadeiro alvo dos processos.Depois da morte da princesa Diana, perseguida por fotógrafos em Paris, o debate sobre a privacidade tomou rumos mais abrangentes nos EUA. O país considerado um dos mais democráticos do mundo, não considera a liberdade de imprensa uma prioridade. Segundo pesquisa feita pelo jornal USA Today, na época da morte de Lady Diana, a maioria dos americanos preferem o direito de não serem importunados à liberdade da imprensa no país.A preocupação com a privacidade motivou a criação de leis em parlamentos estaduais, onde um cidadão tem o direito de recorrer à justiça para manter longe um jornalista inoportuno. Mas segundo o presidente da Associação Nacional dos Fotógrafos de Imprensa, David Lutman, "a lei não vai parar os paparazzi. Eles ganham tanto com uma foto que vale a pena desrespeitar a lei".

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